sábado, 17 de maio de 2008

Nos chats da vida

Numa dessas madrugadas em que uma centelha de curiosidade ateia, de repente, fogo, à vontade de saber mais, aventurei-me num chat do Skype. Já estava com o programa aberto, conversando com um amigo muito querido, e entramos juntos na 'aventura' virtual.
Logo de cara fiquei impressionada com o nível de conversa da sala. Nove adultos. Eu e ele, mudos. Fiquei atônita. O papo girava em torno de alguma coisa a ver (não entendi direito) com um conhecido apresentador de televisão, na área esportiva.
Nove adultos. Ao notar a entrada de uma mulher na sala (mais uma, porque ali já estavam outras três, das quais apenas uma se manifestava), recebi as boas-vindas por parte dos dois homens mais falantes. Não estenderam essas boas-vindas ao meu acompanhante que também era novo no local e que, é claro, eles não sabiam estar comigo. Como não respondi por absoluta falta do que dizer (eu, extrovertida desde o ventre, perdi a fala), eles começaram a contar uma história de uma terceira pessoa do meio artístico, cujo nome é igual ao meu. Uma história sem pé nem cabeça. Riram muito. Dois homens adultos, procurando ser simpáticos, presumo, mas totalmente atrapalhados no intento.
Eu, e meu amigo, mudos.
Não conseguimos ficar ali por muito tempo. Fui sentindo um desconforto, uma sensação de estar num meio que não tinha nada a ver comigo, uma espécie de embrulho no estômago.
E aí ficaram várias perguntas, martelando na minha cabeça. O que leva um adulto a querer parecer o que não é? O que o faz acreditar que o importante é ser 'descolado' e fazer graça pra se aproximar de quem ainda não conhece? Porque essa necessidade de se esconder atrás do outro? Falar da vida alheia é mais fácil que falar da própria? (Claro, né?) É suficiente a superficialidade de algumas relações virtuais (vejam que não generalizei, até porque sei, por experiência própria, que o oposto também é verdadeiro)? Porque algumas pessoas precisam tanto mostrar que são algo que não são na realidade? Não gostam de si mesmas? Gostam o bastante pra não se expôr? Estão acostumadas a enganar e, por isso, o fazem tão tranqüilamente? Estavam tranqüilas, ou toda aquela familiaridade e 'descolamento' também faziam parte dos personagens atrás dos quais se escondiam as verdadeiras pessoas?
Mas há outra possibilidade. A de que eu esteja errada. A de que, talvez, eu seja formal demais, exigente demais, fora da realidade atual. Pode ser. Não descarto a hipótese. Porém...
Mesmo considerando que posso estar errada, ainda prefiro não fingir, falar da minha própria vida, dizer das coisas que eu gosto e que me fazem bem, perguntar do outro, saber do outro, do outro real, não do personagem. Ainda prefiro a velha e boa sinceridade. Para o bem ou para o mal.
Na próxima madrugada de curiosidade incendiada, tratarei de me 'aventurar' por outras paragens. Chats, em nove? Nunca mais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!