domingo, 8 de junho de 2008

Santo engano

Tem gente que acredita ter A chave. Aquela que abre as portas do conhecimento. Abre não, escancara. A chave que possibilita que essa gente seja especial, de alguma forma. Então se auto-intitulam desbravadoras de caminhos. São pioneiras. Em tudo ou em alguma coisa, em especial. Mas são as primeiras. Nas próprias palavras, claro.
Repetem conceitos difundidos há anos e saem esbravejando tais 'novidades', como se o resto do mundo fosse ignorante o suficiente pra cair nessa. Mas alguns são. E endeusam os engodos. O que faz com que pareça que os primeiros estão certos, e eles, então, continuam sua trajetória de repetir palavras alheias como se deles fossem, de pregar descobertas alheias como se deles fossem, de proclamar profecias alheias como se deles fossem.
Então fico pensando que, se é assim com pessoas praticamente anônimas, como não será com os políticos desse país, cuja projeção é muito maior? O alcance das mentiras não pode sequer ser comparado! E a facilidade de enganar, mais ainda. Um povo que não sabe ler (veja bem que não estou me referindo à decodificação dos símbolos, mas dos significados), que não tem idéia do que seja uma crítica verdadeira, que não tem nem um tantinho assim de discernimento, não pode mesmo saber distinguir entre o que é bom ou não fazer na urna.
E aí, nesse meu país querido, as coisas são como são. Todo o mundo preocupado de quem é a Amazônia (assunto ressuscitado, aliás), enquanto há guerra no Rio de Janeiro (aquilo não pode ter outro nome), enquanto há gente morrendo de sede no Nordeste (quando todo o mundo sabe que resolver o problema é muito mais simples do que parece), enquanto há um tremendo caos instalado e formando craca em todo o território nacional, de toda sorte de crimes.
É nisso que dá acreditar que alguém tem A chave. E não apenas acreditar, mas colocar nas mãos dessa pessoa (ou pessoas) as razões todas da gente. Infelizmente.