quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Facebook já destruiu 28 milhões de casamentos"

A matéria é de uma superficialidade de dar medo, como, aliás, a maioria das informações que nos chegam, seja por qual via for, e a qual assunto se refira. Tudo muito pingado, a síntese da síntese, da síntese, da síntese, e mesmo essa, resumida. Dois ou três parágrafos de um assunto mais do que complexo.
Não, nunca fui casada, mas, acreditem, tenho experiência com casamento (como isso aqui não é confessionário, e boa aluna que sou, usarei a meu favor a lição das informações superficiais...), e posso afirmar, sem sombra de dúvida: uma rede social não tem o poder de destruir relacionamento algum, a não ser que o casal ou um dos que o compõem (que tanto pode ser o homem quanto a mulher), já esteja há muito tempo fora do tal casamento, embora o corpo permaneça presente. Por vezes, o corpo, o espírito e até algum carinho. Mas não me venham falar que o casamento ia bem, que tudo estava às mil maravilhas, "até que o malfeitor Facebook apareceu, pra atrapalhar tudo", que, comigo, não cola, violão!
Ou um dos dois é propenso à infidelidade, ou o casamento (coloquemos todos no mesmo saco: namoro, noivado -ainda existe?-;qualquer relacionamento oficial e socialmente estável) já ia mal, e o cônjuge resolveu se aventurar por aí...
Essa sim, é uma explicação simplista? Ora! Depois EU é que sou ingênua!
Atribuir a responsabilidade pela separação de sei lá quantos casais a uma rede social é imiscuir-se de toda e qualquer culpa. Culpa, sim! A gente fica evitando algumas palavras, e fica repetindo o que ouviu: "ah... culpa é uma palavra pesada demais. Ninguém tem culpa de nada. Tem é responsabilidade!" Pois eu digo que, pra essa nossa hipocrisia, uma pequena parte de responsabilidade é da gente e a culpa é do outro: o outro, que pode ser um computador, uma rede social, um chat, o twitter, um site de compras, um vizinho malhado e exibido (quem mandou andar sem camisa, com aquela barriga de tanquinho? Não resisti!), uma vizinha gostosa e provocativa (com aqueles peitões e uma bunda à la mulher melancia, se oferecendo pra mim, ou eu pegava, ou seria chamado de gay!), a educação que a gente teve, a cultura machista, um bar, a rua, o amigo que fica botando pilha, o momento, a carência, as facilidades da vida contemporânea, a mídia, a falta do que fazer, o stress, o álcool, a depressão, a pressão, a necessidade de sentir-se sexy, a necessidade de conquista, a necessidade de sexo, a necessidade de carinho, a necessidade de ser "bom", a necessidade de fazer caridade (tadinha-o-, estava tão sozinha-o-, eu só quis ajudar e acabei me envolvendo), a idade da loba, a idade do garanhão, a idade da pedra, a chuva, o sol, o verão, o carnaval, a viagem, a solidão, a sensação de fracasso, o cansaço, a vontade de voltar no tempo, a vontade de liberdade, a vontade de poder, a vontade de ser igual, a vontade de ser diferente, a vontade própria, a televisão, o rádio, o cinema, a literatura, o cachorro, o gato, o periquito, a vida, meu Deus, a vida!!!!!!!!!
Ando cansada de tudo isso. Dessa falsidade toda. Dessa falta de vergonha na cara; não de "fazer" as coisas, mas de não assumir o feito e a culpa (isso mesmo) por ele. Ando cansada desse monte de mentiras.
Um site de relacionamentos não tem o poder de destruir nada que já não tenha acabado ou que esteja, há muito, em vias de. Esses 28 milhões (tenho certeza de que o número é muito maior) teriam dançado, de qualquer jeito.
Com ou sem Facebook, todos temos escolha, sempre. Podemos optar pelo sim ou pelo não. E viver muito bem com o que escolhemos. Se preferirmos usar uma rede social pra encontrar parceiros fora da relacão estável, que seja! Mas considero indecente e tremendamente "moleque" dizer que foi o Facebook... Tenha uma santa paciência! Escolha outro(a) pra fazer de idiota, tchê!

 
 
 
 
 
 
Pra quem quiser conferir a superficialidade da matéria, de onde extraí o título da crônica, basta clicar aqui: http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=9957