terça-feira, 14 de junho de 2011

Do Medo

Conheço muito bem o medo. Por conhecê-lo tão intimamente, fico profundamente incomodada quando alguém confessa ter medo de mim, seja por esta ou aquela razão, quase sempre sem-razão.
Guardo coleções intermináveis de medos, de todas as formas, cores, tipos e tamanhos, além de um número cada vez maior de fobias, e sei o quanto isso tudo é capaz de sabotar a vida da gente. No entanto, assim como sabotam, também são eles, esses meus medos, que me constrangem a seguir adiante, por vezes encarando de frente situações bizarras, que fariam qualquer outra pessoa tremer nas bases.
Pois tenho tanto medo, que me obrigo à coragem!
Morro de medo do que não entendo, mas o que entendo me é fobia... Daí eu ser tão a favor das mudanças: apavora-me o sempre-mesmo, já que o entendo e reconheço. Mudar vem carregado de toda sorte de diferenças, o que me deixa insegura, trêmula e solitária, mas é menos assustador que o monstro do Igual.
Temo a solidão, mas é nela que escondo a matéria prima da minha Arte.
Temo estar desenvolvendo sangue da barata, mas tremo diante da possibilidade de haver sangue humano demais nas minhas veias.
Todos os dias da minha vida penso em desistir. Assim mesmo, simplesmente, como quem, de repente, decidiu que não valia a pena. Absolutamente todos os dias da minha vida me pergunto se, de fato, vale a pena. Na ausência de respostas, continuo, temerosa e covardemente. Mas continuo.
E não admito que alguém tenha medo de mim.
Não é certo temer o medo. E o medo sou eu.




14.06.2011 - 15h