quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O valor do meu voto

Época de eleições é uma beleza pra quem está com a auto-estima baixa. De repente, nos transformamos, nós, os cidadãos comuns, nas pessoas mais importantes da face da terra. De repente, somos reconhecidos nas ruas, toda hora alguém vem nos cumprimentar: apertos de mão, beijinhos, abraços 'sinceramente' carinhosos. E pensamos: puxa, quão doce é o sucesso. Chegamos a perder o ônibus para o trabalho, tanto tempo gastamos, dando atenção para tanta gente que nos aborda na rua. Mas não tem nada não, principalmente se nosso chefe também está com essa sede de 'nos reconhecer', e entregar aquele papelzinho com um número, uma sigla e a fotinho dele (coisa mais fofa). Se nos atrasamos dando atenção aos seus correligionários, tudo bem. Mas não esqueçamos que o voto de vereador é pra ele, ok?
Pois hoje estava eu no Shopping, tomando um sorvete com minha filha (está um frio de rachar por aqui, mas ontem fez calor e eu prometi que o sorvete viria hoje... criança não esquece promessa; talvez devêssemos aprender essa lição...), e lá vieram os dois candidatos, sorrisos perfeitos, apertos de mão firmes, cheios de amor pra dar. Coisa bonita de se ver. Pararam. Gastaram parte do seu precioso tempo comigo e com minha filha. Aliás, deram tanta atenção a ela, que cheguei a ficar comovida. As mães adoram que tratem bem suas crias. O interesse dos dois foi tamanho que quase os convidei para um cafezinho aqui em casa, com direito a faixa, carro de som e discurso; quiçá banda de música. Uns amores eles! Tanta peninha me deram, os dois cansados de tanto caminhar, angariando um votinho aqui, outro ali, outro acolá. Tadinhos deles... tsc,tsc...
Antes da comovida despedida, ainda ofereceram ajuda para qualquer coisa que eu precise, amanhã ou qualquer dia desses, mas de preferência depois das eleições, afinal devo entender que eles andam muito ocupados com essa história toda de campanha, né? Claro, claro que sim.
Fiquei observando enquanto eles paravam a dois passos de nós e abordavam, com o mesmo sorriso encantador, outros cidadãos, tão 'carentes' quanto eu. Minha cabeça fervia, fazendo as contas de quanto vale o meu voto. Ainda está fervendo... borbulhando... aliás, acho que vai explodir, cuidado!
Mas isso é assunto para mais tarde... Preciso encontrar uma calculadora primeiro, depois continuarei escrevendo a respeito...
NOTA: Quintana escreveu uma vez que não há nada mais encantador que sorriso de político, em época de eleições...