sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Memorial


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
“DIÁLOGOS SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA”


Ostra, escondo meu peito numa caixa sem janelas; não quero ver, nem ser vista. É curto, porém, esse instante. Pavoneio-me, então, e quero todos os olhares voltados pra mim: sagitariana. Em minhas veias correm versos soltos, escritos por um poeta desconhecido, bêbado de pimenta e luz.
Venho de uma corrente humilde: sou um dos cinco filhos diferentemente iguais, de um homem que um dia amou o cinema e a literatura, e de uma mulher que responde pelo nome 'Afeto'. Talvez daí minhas duas paixões: a Arte e o Magistério.
Nasceu de mim uma princesa, cujo nome significa 'agulha e linha'. Costurou-me as feridas e bordou um quadro de sol e alegria na parede do meu peito. Por ela viro tigre e, tigre, ataco sem pena, sem dó nem piedade, qualquer que se atreva a atravancar-lhe o caminho. Por ela fico cega. Por ela, dispo as peles e despeço-me de qualquer limite. Por ela, morro e mato sem remorso ou culpa. Alina, a parte mais importante de todas as minhas sete vidas.
Da estrada aberta à minha frente, só conheço até a curva. Depois dela, mistério. Trago leve suspeita do que possa haver além dela, mas procuro não alimentar conjecturas. Acostumei-me a viver tudo muito mais tarde que a maioria, e aprendi a apreciar o sabor tardio. A prazerosa solidão de saber que irei para algum lugar; 'onde' é um desejo. Sempre um desejo.
A Língua Portuguesa, formação e amor correspondido. A Educação, instigante desafio. As crianças, símbolos não de esperança, que a esperança é pelo que virá, e o que virá eu não sei; símbolos do que já é, do que está, da gargalhada verdadeira, do desejo de aprender, do gosto da novidade, da ausência de medo, da cura, da dependência sadia, do colorido da infância, da leveza da infância, da confiança da infância, da alegria... da alegria.
Não me acho. Aliás, me perco todos os dias. E o que encontro é alguém diferente. Sempre nova, com restos do que houve, do que foi vivido. Mas nova. Renovada, talvez. Talvez reescrita. Reeditada. Única. Como únicos são todos os que me cercam. Todos os dias. Tudo novo.
E gosto de surpresas; as boas, principalmente, mas as não tão agradáveis fazem parte do processo e as aceito. Um gosto que explicaria a quase compulsão pela busca?
Evito os porques de minhas escolhas. Se opto por este ou aquele Curso, acredito que era assim que deveria ser, e sigo em frente. Que seja o que estiver escrito que será. O resto é comigo... Estará sempre entre as conchas das minhas mãos...

(Memorial entregue na data de hoje, exigência do Curso de Gestão Escolar)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Das palavras

Alguém há de pronunciar a palavra derradeira, e então nada mais restará para se dizer. Divirto-me imaginando um mundo sem conceitos nem definições disto ou daquilo. Um olhar, então, deixaria claras todas as intenções.
Um olhar, um gesto, uma palavra. Ops! Eis-me aqui, a comprometer meu brinquedo! Palavras, não! Estou farta delas! Quero gestos e atitudes! Palavras enganam, ludibriam, iludem, provocam um sem número de mal entendidos. Quero distância delas!
Dicionario? De que me valem os sinônimos se o que ouço, leio, escrevo, digo, nada tem a ver com a verdade? Se o que sinto não pode ser descrito, se minha dor é maior que sua definição, se me perseguem as contradições e os enganos me tonteiam?
Palavras são serpentes que se enroscam no tronco da árvore primeira, e trazem na boca uma maçã. Sedução. Engano. Dor.
Palavras são fronteiras não fiscalizadas, territórios sem lei, sem dono, sem dó nem piedade. Saem muito facilmente, aos borbotões; cachoeiras descontroladas, invadem espaços e povoam desertos. Provocam ataques de riso, acendem um brilho no olhar, enternecem corações aflitos, semeiam esperanças, roubam melodias. Esperam. Machucam. Separam. Repetem enganos.
Alguém, um dia, haverá de ter coragem para pronunciar a palavra derradeira.
E depois dela... shhhhhhhhhhh....
Escrito em 16.07.2004

Crônica sobre o saber

Cada vez mais me espanta a pequenez do que acredito saber. Para que se vai à escola, afinal? Para ter nossos horizontes abertos, ou para empunhar um diploma e obter, assim, maiores oportunidades ou chances no mercado de trabalho? O diploma-espada abrindo caminhos, rumo ao sucesso? Acredito que as duas respostas estejam corretas, mas minha especial preferência é pela primeira: Horizontes. Olhares além.
Estudo para passar de ano, conquistar o 'canudo' e, assim, aumentar meu salário e ter condições de oferecer uma vida menos difícil a quem amo. Até aí, tudo bem. O saber, no entando, transcende a nota da prova no fim do sementre, do conteúdo em questão. É um novelo de lã, uma bola de neve. Não se restringe ao estudo do conteúdo de sala de aula. Teia de aranha, enreda-se na minha vontade e inflama meu desejo de busca. E, quanto mais busco, tanto mais encontro, menos penso saber, tornando a buscar. Prendo meus membros, cada vez mais firmemente, na teia que se agiganta diante e dentro de mim.
E questiono tudo. E nunca me dou por satisfeita. Patino, no eterno começo. Ser humano, altero minhas posturas, lapido minhas escolhas. Aprender e desaprender tem igual importância. Reconstruo. Destruo. Aperfeiçoo. Moldo. Cresço e, nesse processo, torno a ser criança e a ter consciência de que há tanto por fazer!
Objeto do meu desejo, o conhecimento está por toda parte. Me rodeia. Me encanta. Me seduz. Encontro com ele na letra da minha canção preferida, na conversa simples com a atendente da loja de vídeo, na conversa profunda com a irmã que admiro, na crítica da professora que respeito, nas páginas dos livros que leio, na convivência com os que me são caros, na troca com meus diferentes...
E nucna alcanço nenhuma conclusão; nenhuma resposta definitiva. E acredito fascinante cada passo desse caminho. Longo caminho; afinal, o horizonte está sempre adiante, convidando que se vá em frente. É além dele qu se esconde o pleno conhecimento.
Minha bagagem é leve. Viajo...
Escrito em 06.07.2004

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

INverno

Chove muito. O frio deu uma trégua por uma semana. Mas voltou, e trouxe na mala a chuva... Frio molhado. E a gente se sente meio perdida, meio afogada, meio congelada, com uma louca saudade do calor, do verão, do sol, meu Deus, do sol...
Parece que nunca mais vamos tirar as roupas de lã, nem as botas ou as sombrinhas. Mas nunca mais é um tempo muito longo. Muito longo? Ou longa será essa minha vontade de luz?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Que país é esse?

... e enquanto o povo quebra a cabeça pensando em como vai fazer pra pagar a conta de luz desse mês, ou pra comprar o leite do filho pequeno, o Senado discute quem faz parte das "Fard" (Forças armadas por Dilma) ou da "Gas"(Grupo de Assalto do Serra).
O nome do país? Brasil, oras... poderia ser outro? (Qual será a sigla inventada pro povo brasileiro, por esses mesmos governantes? Sugira, leitor)