quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Triste

Essa semana assisti, com minha filha de 8 anos, o programa Repórter Record, sobre drogas, álcool e seus estragos. Oportunidade mais do que aproveitada pra conversarmos a respeito (aliás, evito proibir minha filha de assistir este ou aquele programa na televisão - sou grata por ela preferir, sempre, os programas educativos). Oportunidade clara, também, pra vermos, gritantes, as contradições impressionantes dos meios de comunicação dessa partezinha desse mundinho tão pequenininho em que vivemos.
Eis que o programa terminava mostrando os efeitos nocivos do álcool, e de como a juventude vem se entregando à falsa 'soltura' que ele provoca. E não é que a propaganda imediatamente posterior ao programa era de Smirnoff? Meu Deus! Se eu não estivesse praticamente deitada na cama, teria caído pra trás, tamanha a discrepância evidente na sequência...
Fiquei inicialmente revoltada e a revolta deu lugar a uma espécie de tristeza. Uma coisa meio desesperançada, meio doída, meio cansada, não sei... uma quase morte de alguma coisa que eu pensava ainda ter lugar pra existir nesse nosso mundinho tão pequenininho...
Acho que pequena, mesmo, sou eu, e essa minha idéia de que algumas coisas poderiam ser tão diferentes, se a gente quisesse de verdade...
Que pena....
Que pena....

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Entre a palavra e o silêncio

Tem vezes que só o que eu quero é calar. Não brota de mim um único verso; sequer um verso amargo. Nada. Nenhum frase que se aproveite. Nenhuma palavra que provoque outras ao grito. Nenhum desejo de dizer. O silêncio, então, é meu companheiro, e mergulha comigo numa mudez severa, quase doída, completamente doida, daquela doideira que os outros consideram normalidade. Porque a minha palavra é louca. E quando ela cala, eu até pareço igual aos que me cercam: o orvalho me molha, a chuva me molha, o suor me molha. Quando ela fala, eu sou outra, eu não existo: a água me adormece, o calor me atiça, o tiro me aviva. Quando a palavra me fala, sou qualquer coisa que triunfa, n'algum ponto que ninguém desvenda, porque não encontra, e não encontra porque está perdido entre as folhas amareladas do livro da minha vida. A mesma vida que de vez em quando se dá o direito de calar, e, por instantes, se acreditar parte d'algo maior, té que a torrente de vocábulos exploda de novo e me obrigue a abraçar minha assumida sina: a solidão completa...
Aos 49 minutos do dia 28.09.09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Assim seja

Estou curtindo, nesse exato instante, a sempre nova canção de Antonio Marcos, SONHOS DE UM PALHAÇO, e pensando em algumas coisas relacionadas ou não. Não sei...
Tenho me perguntado porque sou tão metida a fazer as coisas de outro jeito, que não o convencional. Minhas histórias são sempre meio marginais, se não na superfície, n'algum obscuro ponto. Não sei se sou desse tempo, nem se já pertenci a algum outro tempo (ou mundo?) que desconheço. Talvez sim, talvez não. Impossível saber. Mas também nem sei se quero saber!
Confusão? Ah... isso não é nada diante do que levo na mente... Te assustarias, acaso.
Não entendo porque insisto em andar por essas vias que de fato não são iguais às da maioria, porque isso me acumula um sem número de complicações. Ora! Seria tão mais fácil viver da mesma forma que os outros, aqueles que se dizem normais (e até devem ser, entenda, não duvido disso).
Então tento me adaptar mas tudo em mim clama por algo diferente.
Então tento me acalmar mas tudo em mim clama por algo surpreendente.
Então tento me deter mas tudo em mim clama por algo que me obrigue a me mexer.
E é muito difícil domar-se a si mesmo, já dizia Nietzsche, meu guru.
Não consigo acreditar, por exemplo, que é bom que as crianças sejam obrigadas a frequentar escolas (desde quando uma obrigação é uma coisa boa? só aí já reside uma tremenda contradição: se é bom, é buscado espontaneamente, não imposto). Que é ruim amor demais. Que Deus ajuda quem cedo madruga. Que o almoço tem que ser ao meio dia. Que querer 'saber' tem tempo, hora, lugar e principalmente limite. Que não se pode viver de poesia. Que a juventude termina. Que a velhice é sempre triste. Que é inútil lutar contra o que quer que seja. Que o medo de represálias é suficiente pra calar. Que calar é inteligente. Que o discurso vale mais que a atitude. Que a paz chega um dia, pra quem aceita as coisas como são. Que não vale a pena. O que? Tudo. Ou nada. Depende.
Pois eu digo que não aceito! Recuso-me a viver sob esse tipo de preceito, ainda que isso me custe uma solidão mortal e uma coleção interminável (jamais invejável) de incomodações-monstros.
Eu digo NÃO!
E assumo as consequências de tamanha ousadia.
Sempre foi assim.
Assim sempre será.
Que assim seja....

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Memorial


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
“DIÁLOGOS SOBRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA”


Ostra, escondo meu peito numa caixa sem janelas; não quero ver, nem ser vista. É curto, porém, esse instante. Pavoneio-me, então, e quero todos os olhares voltados pra mim: sagitariana. Em minhas veias correm versos soltos, escritos por um poeta desconhecido, bêbado de pimenta e luz.
Venho de uma corrente humilde: sou um dos cinco filhos diferentemente iguais, de um homem que um dia amou o cinema e a literatura, e de uma mulher que responde pelo nome 'Afeto'. Talvez daí minhas duas paixões: a Arte e o Magistério.
Nasceu de mim uma princesa, cujo nome significa 'agulha e linha'. Costurou-me as feridas e bordou um quadro de sol e alegria na parede do meu peito. Por ela viro tigre e, tigre, ataco sem pena, sem dó nem piedade, qualquer que se atreva a atravancar-lhe o caminho. Por ela fico cega. Por ela, dispo as peles e despeço-me de qualquer limite. Por ela, morro e mato sem remorso ou culpa. Alina, a parte mais importante de todas as minhas sete vidas.
Da estrada aberta à minha frente, só conheço até a curva. Depois dela, mistério. Trago leve suspeita do que possa haver além dela, mas procuro não alimentar conjecturas. Acostumei-me a viver tudo muito mais tarde que a maioria, e aprendi a apreciar o sabor tardio. A prazerosa solidão de saber que irei para algum lugar; 'onde' é um desejo. Sempre um desejo.
A Língua Portuguesa, formação e amor correspondido. A Educação, instigante desafio. As crianças, símbolos não de esperança, que a esperança é pelo que virá, e o que virá eu não sei; símbolos do que já é, do que está, da gargalhada verdadeira, do desejo de aprender, do gosto da novidade, da ausência de medo, da cura, da dependência sadia, do colorido da infância, da leveza da infância, da confiança da infância, da alegria... da alegria.
Não me acho. Aliás, me perco todos os dias. E o que encontro é alguém diferente. Sempre nova, com restos do que houve, do que foi vivido. Mas nova. Renovada, talvez. Talvez reescrita. Reeditada. Única. Como únicos são todos os que me cercam. Todos os dias. Tudo novo.
E gosto de surpresas; as boas, principalmente, mas as não tão agradáveis fazem parte do processo e as aceito. Um gosto que explicaria a quase compulsão pela busca?
Evito os porques de minhas escolhas. Se opto por este ou aquele Curso, acredito que era assim que deveria ser, e sigo em frente. Que seja o que estiver escrito que será. O resto é comigo... Estará sempre entre as conchas das minhas mãos...

(Memorial entregue na data de hoje, exigência do Curso de Gestão Escolar)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Das palavras

Alguém há de pronunciar a palavra derradeira, e então nada mais restará para se dizer. Divirto-me imaginando um mundo sem conceitos nem definições disto ou daquilo. Um olhar, então, deixaria claras todas as intenções.
Um olhar, um gesto, uma palavra. Ops! Eis-me aqui, a comprometer meu brinquedo! Palavras, não! Estou farta delas! Quero gestos e atitudes! Palavras enganam, ludibriam, iludem, provocam um sem número de mal entendidos. Quero distância delas!
Dicionario? De que me valem os sinônimos se o que ouço, leio, escrevo, digo, nada tem a ver com a verdade? Se o que sinto não pode ser descrito, se minha dor é maior que sua definição, se me perseguem as contradições e os enganos me tonteiam?
Palavras são serpentes que se enroscam no tronco da árvore primeira, e trazem na boca uma maçã. Sedução. Engano. Dor.
Palavras são fronteiras não fiscalizadas, territórios sem lei, sem dono, sem dó nem piedade. Saem muito facilmente, aos borbotões; cachoeiras descontroladas, invadem espaços e povoam desertos. Provocam ataques de riso, acendem um brilho no olhar, enternecem corações aflitos, semeiam esperanças, roubam melodias. Esperam. Machucam. Separam. Repetem enganos.
Alguém, um dia, haverá de ter coragem para pronunciar a palavra derradeira.
E depois dela... shhhhhhhhhhh....
Escrito em 16.07.2004

Crônica sobre o saber

Cada vez mais me espanta a pequenez do que acredito saber. Para que se vai à escola, afinal? Para ter nossos horizontes abertos, ou para empunhar um diploma e obter, assim, maiores oportunidades ou chances no mercado de trabalho? O diploma-espada abrindo caminhos, rumo ao sucesso? Acredito que as duas respostas estejam corretas, mas minha especial preferência é pela primeira: Horizontes. Olhares além.
Estudo para passar de ano, conquistar o 'canudo' e, assim, aumentar meu salário e ter condições de oferecer uma vida menos difícil a quem amo. Até aí, tudo bem. O saber, no entando, transcende a nota da prova no fim do sementre, do conteúdo em questão. É um novelo de lã, uma bola de neve. Não se restringe ao estudo do conteúdo de sala de aula. Teia de aranha, enreda-se na minha vontade e inflama meu desejo de busca. E, quanto mais busco, tanto mais encontro, menos penso saber, tornando a buscar. Prendo meus membros, cada vez mais firmemente, na teia que se agiganta diante e dentro de mim.
E questiono tudo. E nunca me dou por satisfeita. Patino, no eterno começo. Ser humano, altero minhas posturas, lapido minhas escolhas. Aprender e desaprender tem igual importância. Reconstruo. Destruo. Aperfeiçoo. Moldo. Cresço e, nesse processo, torno a ser criança e a ter consciência de que há tanto por fazer!
Objeto do meu desejo, o conhecimento está por toda parte. Me rodeia. Me encanta. Me seduz. Encontro com ele na letra da minha canção preferida, na conversa simples com a atendente da loja de vídeo, na conversa profunda com a irmã que admiro, na crítica da professora que respeito, nas páginas dos livros que leio, na convivência com os que me são caros, na troca com meus diferentes...
E nucna alcanço nenhuma conclusão; nenhuma resposta definitiva. E acredito fascinante cada passo desse caminho. Longo caminho; afinal, o horizonte está sempre adiante, convidando que se vá em frente. É além dele qu se esconde o pleno conhecimento.
Minha bagagem é leve. Viajo...
Escrito em 06.07.2004

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

INverno

Chove muito. O frio deu uma trégua por uma semana. Mas voltou, e trouxe na mala a chuva... Frio molhado. E a gente se sente meio perdida, meio afogada, meio congelada, com uma louca saudade do calor, do verão, do sol, meu Deus, do sol...
Parece que nunca mais vamos tirar as roupas de lã, nem as botas ou as sombrinhas. Mas nunca mais é um tempo muito longo. Muito longo? Ou longa será essa minha vontade de luz?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Que país é esse?

... e enquanto o povo quebra a cabeça pensando em como vai fazer pra pagar a conta de luz desse mês, ou pra comprar o leite do filho pequeno, o Senado discute quem faz parte das "Fard" (Forças armadas por Dilma) ou da "Gas"(Grupo de Assalto do Serra).
O nome do país? Brasil, oras... poderia ser outro? (Qual será a sigla inventada pro povo brasileiro, por esses mesmos governantes? Sugira, leitor)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quarta feira de cinzas

Quarta feira de cinzas...
mas eu não botei fogo em lugar algum!

Carnaval.
Aproveitei pra dormir cedo e tarde acordar. Aliás, os conceitos de cedo ou tarde são muito relativos. Aliás, os conceitos são todos muito relativos. Aliás, Einstein é que estava com a razão: tudo é relativo. Inclusive a relatividade.
Carnaval.
Enquanto o resto do mundo (pq o Brasil é um mundo. À parte. Mas um mundo. Alguns chamam de país, outros de Nação. Prefiro chamar de mundo. Mundinho, é verdade. Às vezes mundão. Mas mundo. E isso também é uma questão de conceito. Relativo) beija bocas desconhecidas - pra não falar de todo o resto -, eu durmo cedo e acordo tarde.
Questão de conceito.

Quarta feira de cinzas...
e eu não botei fogo em lugar algum...
25.02.2009 - 0h20min

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vício

Não é preciso me conhecer profundamente pra saber que não suporto bêbados. Tenho pavor. Verdadeiro pânico. Não agüento. Mas atraio. Não sei a que santo agradecer. Eles me encontram. E chegam perto. Quando tenho pra onde fugir,ótimo. Só que, às vezes, não tenho escolha. Como hoje, no ônibus.
Uma porção de bancos vazios. Numa das paradas entraram dois bêbados. Com tanto lugar pra sentar, um deles ficou atrás de mim e o outro ao meu lado.
Comecei a ficar inquieta.
O de trás passava mal, fazia ânsia o tempo todo, e eu pensava: Meu Deus, daqui a pouco ele vomita na minha cabeça.
O que estava ao meu lado falava comigo sem parar. Eu não entendi uma única palavra do que a língua enrolada dele dizia, mas já estava ficando tonta com o bafo de cachaça. Pedi licença duas vezes, pra passar por ele e trocar de lugar. Não ouviu, não entendeu ou simplesmente não se dispôs a entender. Permaneceu esparramado onde estava, impedindo-me a passagem. Lá pelas tantas não agüentei mais. Passei por cima dele, literalmente, e fui sentar num dos bancos do fundo do ônibus.
Apesar da chuva, escancarei as janelas e respirei aliviada, pensando agora poder fazer o resto do trajeto em paz.
Doce ilusão.
Duas paradas adiante, o terceiro bêbado. Meu inferno astral estava completo.
Ao vê-lo cambaleante corredor adentro, quase me joguei pela janela aberta.
Decididamente, eu deveria ter ficado na cama, hoje. Um dia perfeito para descansar: chuva, ffrio, segunda-feira, férias. Qual fora mesmo o motivo que me tirara de dentro de casa? Ah, sim, a urgência de comprar porta-retratos e iscas para baratas. Compromissos INADIÁVEIS!
Pois o tal b~ebado sentou do outro lado do corredor, bem na minha direção. E me viu.
Meu sangue fervia. Era muito azar para só alguns minutos. Custava um vivente ter a tranqüilidade de deslocar-se de um lugar para outro, em um coletivo, sem maiores problemas, numa pacata cidade do Interior? Pelo visto, sim.
Então ele começou a cantar. A mim. (Alguém lá em cima não gosta de mim, de jeito nenhum...)
Desci dois pontos antes do meu destino. Ao virar a esquina, ainda vi o que passava mal pôr a cabeça pra fora da janela. Não preciso explicar o por quê.
Decididamente, eu não suporto bêbados.
Decididamente, os atraio.
Decididamente, hoje eu deveria ter ficado na cama.
19.01.2009 - 16h30min