terça-feira, 2 de novembro de 2010

Do prazer da leitura

Sou leitora voraz, desde os meus tenros 6 anos de idade. E lá se vão décadas e décadas entre aquele começo e os dias de hoje. Pois ao longo de todo esse tempo tive medo de alguns autores, algumas vezes. Isso mesmo. Evitei, deliberadamente, algumas obras. Burrice pura, mas aconteceu.

Foi assim com Clarice Lispector (Oh!). É! Essa mesmo! Na adolescência, tive um livro dela, que ficou na estante anos após anos. Dançou entre meus dedos inúmeras vezes, e voltou para a prateleira, virgem dos meus olhos. Só muito tempo depois, já na Faculdade, tive coragem de abrir Clarice. Ah! Que delícia ME descobrir naquelas páginas. Como boa compulsiva, li tudo que tivesse a assinatura dela. E amei. E decidi não fugir de mais nenhum autor.

No entanto...

Continuei evitando Saramago por mais alguns anos, até que Ensaio Sobre a Cegueira caiu no meu colo. Mais precisamente na minha tela, já que foi um e-book que eu baixei e fiz o "sacrifício" de começar a ler. O tal "sacrifício" virou prazer rapidinho, e me tomou uma noite inteira. Sim, li este livro em especial, com a luz do computador ferindo-me os olhos, uma noite bem inteirinha. Terminei de ler às 7 horas da manhã. Completamente extasiada. Tão encantada, que pensei nele o dia todo. E as próximas duas noites foram dele, de novo. Loucura? Talvez (bem, eu nunca quis ser mentalmente sadia!).

Acreditei que não aconteceria de novo.

Ledo engano.

A noite passada trouxe de volta essa gana por uma boa leitura. Interessante que não foi o tipo de livro com o qual estou acostumada. Aliás, o próprio título já me afastaria, normalmente: DANÇANDO VALSA NOS SALÕES DO INFERNO, de Maicknuclear DeLos Santos Angeles. Mesmo assim, e a despeito da minha própria expectativa, tive uma vontade irresistível de, ao menos, começar a ler. Surpresa! Quase 8 horas da manhã, e eu terminava o que havia começado na madrugada de ontem (quer dizer, no início de hoje).

Decididamente, não é a literatura que faz parte do meu mundo. Crua. Extremamente realista. E me incomoda, me deixa desconfortável. Talvez daí tenha me prendido tanto. Maicknuclear fala de um mundo que desconheço, de um cotidiano que me é totalmente estranho, embora eu saiba existir. E, no meio de uma narrativa que tinha tudo pra ser pesada (mas não é!), pincela filosofia e lirismo na dose exata. O suficiente pra me prender, pra amarrar minhas pupilas às páginas virtuais e só soltar os nós no epílogo. 

Inteligente. 

Esta noite, tenho um encontro marcado com o mesmo livro. Preciso conferir se não deixei escapar nada, da maravilha que caiu nos meus arquivos. Aliás, espero que alguma Editora seja esperta o bastante pra publicar essa obra. Quero-a em papel, devidamente autografada, com dedicatória e tudo, e quero o prazer de escrever minhas impressões nas margens (adoro "conversar" com os autores...rs).

E quero que tu também tenhas o privilégio de ler e desejar o livro impresso. Até lá, aproveita o e-book: http://www.scribd.com/doc/39831116/Dancando-Valsa-Nos-Saloes-Do-Inferno