segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Entre a palavra e o silêncio

Tem vezes que só o que eu quero é calar. Não brota de mim um único verso; sequer um verso amargo. Nada. Nenhum frase que se aproveite. Nenhuma palavra que provoque outras ao grito. Nenhum desejo de dizer. O silêncio, então, é meu companheiro, e mergulha comigo numa mudez severa, quase doída, completamente doida, daquela doideira que os outros consideram normalidade. Porque a minha palavra é louca. E quando ela cala, eu até pareço igual aos que me cercam: o orvalho me molha, a chuva me molha, o suor me molha. Quando ela fala, eu sou outra, eu não existo: a água me adormece, o calor me atiça, o tiro me aviva. Quando a palavra me fala, sou qualquer coisa que triunfa, n'algum ponto que ninguém desvenda, porque não encontra, e não encontra porque está perdido entre as folhas amareladas do livro da minha vida. A mesma vida que de vez em quando se dá o direito de calar, e, por instantes, se acreditar parte d'algo maior, té que a torrente de vocábulos exploda de novo e me obrigue a abraçar minha assumida sina: a solidão completa...
Aos 49 minutos do dia 28.09.09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Assim seja

Estou curtindo, nesse exato instante, a sempre nova canção de Antonio Marcos, SONHOS DE UM PALHAÇO, e pensando em algumas coisas relacionadas ou não. Não sei...
Tenho me perguntado porque sou tão metida a fazer as coisas de outro jeito, que não o convencional. Minhas histórias são sempre meio marginais, se não na superfície, n'algum obscuro ponto. Não sei se sou desse tempo, nem se já pertenci a algum outro tempo (ou mundo?) que desconheço. Talvez sim, talvez não. Impossível saber. Mas também nem sei se quero saber!
Confusão? Ah... isso não é nada diante do que levo na mente... Te assustarias, acaso.
Não entendo porque insisto em andar por essas vias que de fato não são iguais às da maioria, porque isso me acumula um sem número de complicações. Ora! Seria tão mais fácil viver da mesma forma que os outros, aqueles que se dizem normais (e até devem ser, entenda, não duvido disso).
Então tento me adaptar mas tudo em mim clama por algo diferente.
Então tento me acalmar mas tudo em mim clama por algo surpreendente.
Então tento me deter mas tudo em mim clama por algo que me obrigue a me mexer.
E é muito difícil domar-se a si mesmo, já dizia Nietzsche, meu guru.
Não consigo acreditar, por exemplo, que é bom que as crianças sejam obrigadas a frequentar escolas (desde quando uma obrigação é uma coisa boa? só aí já reside uma tremenda contradição: se é bom, é buscado espontaneamente, não imposto). Que é ruim amor demais. Que Deus ajuda quem cedo madruga. Que o almoço tem que ser ao meio dia. Que querer 'saber' tem tempo, hora, lugar e principalmente limite. Que não se pode viver de poesia. Que a juventude termina. Que a velhice é sempre triste. Que é inútil lutar contra o que quer que seja. Que o medo de represálias é suficiente pra calar. Que calar é inteligente. Que o discurso vale mais que a atitude. Que a paz chega um dia, pra quem aceita as coisas como são. Que não vale a pena. O que? Tudo. Ou nada. Depende.
Pois eu digo que não aceito! Recuso-me a viver sob esse tipo de preceito, ainda que isso me custe uma solidão mortal e uma coleção interminável (jamais invejável) de incomodações-monstros.
Eu digo NÃO!
E assumo as consequências de tamanha ousadia.
Sempre foi assim.
Assim sempre será.
Que assim seja....