terça-feira, 26 de outubro de 2010

Salas.... de espera

Salas de espera são impacientes. Balançam, nervosamente, braços e pernas, como se isso ajudasse a passar o tempo, que não passa; ao contrário, estaciona n'algum parapeito de janela, e fica a olhar as moçoilas e seus cabelos esvoaçantes, ao vento primaveril de outubro. Nem aí pras salas....que esperam...
Constrangedoras, as salas de espera olham para os lados, folheiam revistas novas, mastigam jornais velhos e suas notícias ultrapassadas, assistem TV a cabo, como se isso diminuísse a agonia, encaixada nos copos descartáveis, nas águas geladas, nos chás mornos, nos escaldantes cafés exageradamente açucarados. Nem aí pras salas... que esperam...
Salas de espera são assustadoras. Ensaiam caretas, inventam fantasmagóricos sons abafados, roteiros de filmes de terror, campeões de bilheteria. Nem por isso de qualidade garantida.
São amarelas. São brancas. São assépticas. Antissépticas. Medrosas.
Salas de espera são medrosas. Roem as unhas. Piscam os olhos. Viram as unhas. Desfiam os olhos. Disfarçam os tremores, que os joelhos batem e os ombros retesam, prendendo os nervos debaixo da pele.
Salas de espera são carne viva aos pedaços. Pulsações em alto e bom som. Corações disparados. Gotículas de suor, mal disfarçadas nas têmporas. Que tremem.
São esperas. Globos oculares fora das órbitas.
Salas de espera são impacientes constrangimentos, assustados tremores. Carne e sangue.
São esperas.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010