quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tudo o que aprendi com meus ex (Capítulo I)*

Eu tinha um computador, comprado com o maior sacrifício. Ele tinha uma gráfica, e vivia grudado nos computadores. Nos finais de semana eu ia pra lá (na cidade vizinha), e mais acompanhava o trabalho dele, que namorava...
Algumas coisas a gente não faz ideia, no exato instante em que acontecem, do quanto nos serão úteis. Lembro que, na época, eu me sentia deixada de lado, ainda que essa não fosse a realidade. Ele trabalhando, eu jogando.
Em casa, meu IBM Aptiva servia só pra digitar meus trabalhos da faculdade e jogar Paciência. Era, basicamente, uma máquina de escrever, bonitinha. Internet? Que bicho é esse? É de comer? É de vestir? Como se pronuncia?
Pois foi com ele que aprendi que computador tinha outros joguinhos, também (!). E me apaixonei por Mahjong. Ficava horas jogando, enquanto ele trabalhava.
Aos poucos, com o incentivo e quase exigência dele, me atrevi a fazer outras descobertas. Ele fez  a besteira de dizer que eu poderia fuçar à vontade, já que não era bem assim pra estragar um computador. Ensinou-me a navegar, coisa que eu, então, achei a maior idiotice da face da terra. Todo empolgado, tentava me mostrar a quantidade de informações que estavam disponíveis a quem tivesse vontade de acessá-las, e paciência suficiente pra suportar as constantes quedas (Internet discada, lembram?), e aquele barulhinho insuportável de antes de conectar: um misto de chiados e zumbidos altos, depois da discagem. Odiei, mas como boa namorada queridinha que sempre fui (eu sou um amor, juro!), ouvia tudo e tentava entender. Valia a pena.
Comecei a explorar meu IBM. Já não me era suficiente o Word. Queria mais. Paciência perdeu a graça; Mahjong perdeu a graça. Já não me era suficiente limitar-me aos programas do meu computador e seus 8MB de memória (O que? Era um monte, tá?).
E de repente, num piscar de olhos, eu era uma pessoa conectada com  o mundo!
Os dias eram outros.
Meu velho IBM foi doado (... se revoltou, tadinho. Não suportava tanta informação...).
Eu continuei conectada, até hoje.

O namorado? Passou... Mas a herança foi boa. Ô!




* Um Capítulo pra cada aprendizagem, o que não é o mesmo que número de namorados, atentem.
** A série pode ser tão longa, que vire livro...hehe... talvez...rs

Um comentário:

Unknown disse...

Muito legal teu texto. A realidade com o doce toque da Simone, sempre aprendemos lições e esta é a melhor parte (será?) Bom para mim tem sido... Claro que vc é um amor de pessoa, amigona e divertida do jeito que és não resta dúvida alguma. Beijão menina e parabéns mais uma vez.