segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Não quero enriquecer

Sabes aquela gente que quer te enriquecer a todo custo? Mas e se eu simplesmente curtir essa minha miséria? Esses caras não entendem que eu não quero morar numa mansão, não tenho a menor necessidade de ter um carro importado que nem foi lançado ainda, não estou nem aí pra cruzeiros (aliás, enjoo pacas, em barquinho, imagina num naviozão daqueles, tchê!), não quero nem saber de entrar numa loja e ir comprando tudo o que me der na telha, sem nem perguntar o preço, nem me passa pela cabeça ter, em casa, as obras dos meus escultures, pintores, músicos, escritores, preferidos.

Essa coisa de ter grana não está com nada. Os tais que vivem mandando torpedos pro meu celular, querendo que eu vá retirar o carro ganho nas promoções nas quais nunca me inscrevi, não entendem que meu negócio é suar; contar as moedinhas, do começo ao fim do mês; ficar namorando determinado objeto de longe, porque não tenho cacife nem pra chegar perto da vitrine, quanto menos adquirir o "bichinho"; morrer de vontade de conhecer Paris, e catar imagens da cidade, no Google, pra sonhar, feliz.

Que graça tem ir correndo receber os milhões que só falta ter o número da minha conta, pra que sejam meus? Assim tão fácil? Ah... assim não tem graça! Bom mesmo é ir juntando tostão a tostão, abrir uma poupança pequerrucha e saber que ela jamais vai crescer. Divertido de verdade é jogar na mega sena e acreditar que dessa vez, vai. E não ir. Isso é que é bom! O resto é bobagem.

Por isso, caras pessoas de bom coração, que insistem em me enriquecer, por favor, desistam. Sou turrona, gosto de passar trabalho, de ir de ônibus até meu "serviço", de ser uma eterna funcionária pública, de ter conhecido no máximo cinco cidades, além da minha, de ler e-books grátis, e levar minha filha pra jantar fora só uma vez por mês (sempre no pagamento).

Desistam. Não gastem tempo, lotando minha caixa de mensagens, com essas, que vocês consideram boas notícias. E devem ser mesmo, pra maioria das pessoas. Pra mim, que gosto de ser pobre, que tenho paixão por tudo o que o dinheiro não compra, essas histórias só gastam minha beleza já tão pequena. Melhor: quando eu ganhar de novo (e tenho uma surpreendente sorte nessas coisas nas quais nunca me inscrevi), transfiram todo o prêmio para os nomes de vocês mesmos. Estou publicamente dando-lhes permissão para tal (e o que se manifesta na Internet, fica pra sempre). Dividam o prêmio, rasguem ou queimem o dinheiro, ajudem uma velhinha, enriqueçam alguém mais ambicioso. Eu, não. Eu gosto mesmo dessa minha pobreza.

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